Parte I
Rudolf Steiner escreveu, no começo do seu livro “Exposição da trimembração do organismo social”, que ele deu de presente ao membro fundador da direção, falecido ainda jovem, à escultora Miss Maryon, o seguinte verso:
Heilsam ist nur, wenn
Im Spiegel der Menschenseele
Sich bildet die ganze Gemeinschaft;
Und in der Gemeinschaft
Lebet der Einzelseele Kraft.
Dies ist das Motto der Sozialethik
Curativo só é, quando
No espelho da alma do ser humano
Se formar toda a comunidade;
E na comunidade
Viver a força da alma individual.
Este é o lema da ética social
Esse verso é utilizado por muitos grupos que se ocupam com o estudo da trimembração do organismo social e também por aqueles que estão ativos no âmbito social, seja no começo das suas reuniões, como lema da sua revista ou de modo mais contemplativo, para proporcionar ao seu trabalho uma orientação espiritual.
Eu mesmo pude vivenciar que com o ouvir repetido do verso surgia uma rotina. Era como se o conteúdo se retraísse para trás de um véu. Mais tarde, porém, tive pensamentos que deram ao conteúdo um efeito novo, irradiante. Quero relatar algo a respeito disso, não para, por assim dizer, submeter o verso a uma exegese, senão como possível enriquecimento para outros que também vivem com este verso. Naturalmente uma fórmula de mistérios como esta pode ser vista a partir dos mais diversos pontos de vista.
Não me parece inteiramente insignificante que Rudolf Steiner tenha dedicado este verso justamente a uma escultora. O verso desvenda os princípios do organismo social. No decorrer desta observação nós indicaremos que os mistérios do corpo físico humano portam em si esses princípios constituintes. E não é justamente uma escultora a pessoa que tem uma relação intensa com uma figura humana, com o templo do corpo humano, quando ela , por assim dizer, “expõe” um corpo humano a partir de um determinado material?
O verso começa com as palavras: “Curativo só é… “. Este começo já indica o lugar espiritual do qual o efeito do verso todo emana: ele é mercurial-rafaélico. Ele indica para um processo curativo, que traz a convalescença, processo o qual diz respeito à “comunidade”. A comunidade, o organismo social, perdeu a sua coesão, adoeceu. Como é que ela pode voltar a se tornar uma totalidade, o que é capaz de curá-la?
O verso indica para as fontes ocultas de uma higiene social. Poder-se-ia considerá-lo como uma estrela-guia para o ocultismo higiênico, quer dizer, para a tarefa à qual Rudolf Steiner se referiu justamente para o centro europeu. A esse impulso curativo certamente também se destina a lei social principal que Rudolf Steiner já formulou no ano 1905. Pois ela começa com as palavras: “A prosperidade de uma coletividade de pessoas que trabalham juntas…” [4].
Quando um verso com as suas palavras iniciais se aliar tão evidentemente a um impulso curativo, pode-se esperar no seu decurso ulterior um ritmo conciliador e harmonizador. Nós sabemos que a fonte primária de toda saúde, de toda cura, é o ritmo. O ritmo liberta o que está imobilizado e combinado com a matéria. Ele traz o material para o caminho do espírito. Nas palestras de arcanjo Rudolf Steiner descreve como justamente Rafael, o espírito curador age no âmbito rítmico no homem enquanto ser respiratório. O ritmo é a força compensadora entre dois pólos, no campo fisiológico o é entre o pólo metabólico-motor e o pólo nervo-sensorial.[5]
Será que conseguimos descobrir uma polaridade igual a essa no verso? Ela está evidente. Todo o verso se distingue pelos dois verbos “formar” e “viver”. Quem nessa ocasião não pensa no impulso para a forma e matéria, de Schiller? O pólo superior forma, afeiçoa, plasma; o pólo inferior proporciona força, vida movimento. No centro surge o espaço para o impulso lúdico, para o artista cuja metamorfose mais elevada Schiller reconheceu como sendo o artista social. Assim nós temos uma primeira alusão de como o âmbito social surge como qualidade intermediária entre dois pólos.
Vamos observar agora os dois pólos com um pouco mais de precisão e comecemos com o pólo superior. As palavras “alma do ser humano” estão em posição central (assim como na frase polar a palavra “alma individual”). No espelho dessa alma do ser humano deve se formar toda a comunidade. Isso já nos dá uma idéia de onde nós temos que procurar esse elemento especular.
Seria um equívoco se nesse ponto do verso lêssemos: “No espelho da alma humana”. Certamente existem traduções para outras línguas que desfiguram o verso desse modo, mas apenas precisamos nos recordar de como a alma humana é constituída como campo de batalha entre forças contrárias luciféricas e arimânicas. Forças agem nela que para a observação espiritual se assemelham ao “animal no precipício”. Que aspecto fantasmagórico teria a comunidade se ela tivesse que se espelhar na alma humana!
Mas não lemos “no espelho da alma humana”, senão “no espelho da alma do ser humano”. E “alma do ser humano” é o termo que no verso da pedra fundamental soa três vezes, como invocação:
-
Alma do ser humano, tu vives nos membros,
-
Alma do ser humano, tu vives no batimento cardíaco-pulmonar,
-
Alma do ser humano, tu vives na cabeça em repouso.
No espelho dessa alma primordial do ser humano, que de modo triplo vive no templo do corpo, deve se formar toda a comunidade. Essa alma primordial do ser humano porta em si os triplos pensamentos resplandecentes em cuja luz o organismo social pode se plasmar de modo trimembrado. No terceiro capítulo de “Pontos essenciais da questão social”, Rudolf Steiner fala sobre “os pensamentos primordiais que formam a base de todas as organizações sociais”. Nos dois parágrafos que se seguem ele então usa nove vezes a mesma palavra “pensamentos primordiais” (Urgedanken). Onde nós devemos procurar esses “pensamentos primordiais”? A resposta para essa pergunta encontra-se no próprio texto dos “pontos essenciais”.
No início do segundo capítulo, ele fala “que o pensar e o sentir humanos precisam aprender a sentir ”aquilo que é possível que viva” com base na observação do organismo que está em conformidade com a natureza e então poderão aplicar isso ao organismo social”. Na sequência ele narra o organismo humano trimembrado em conformidade com a natureza como sendo a imagem de observação em que esse modo de sensação pode ser exercitado. Aqui parece estar escondida a chave que abre o portal para os “pensamentos primordiais”. Os pensamentos primordiais que formam a base de todas as organizações sociais podem ser encontrados no âmbito da alma primordial do ser humano que vive na cabeça, no coração e nos membros.
Nessa alma do ser humano agem os pensamentos primordiais que são capazes de formar o organismo social em conformidade com o ser humano. O que isso significa para a nossa época, Rudolf Steiner expressou quando falou sobre a trimembração do organismo social para uma vida espiritual livre, uma vida jurídica democrática e uma vida econômica fraterna-associativa.
Vamos agora dar atenção à palavra “espelho”:
O que quer dizer que toda a comunidade se forma no espelho da alma do ser humano? A palavra espelho no pólo superior, no pólo-forma do verso é de início surpreendente. Rudolf Steiner frequentemente fala do cérebro como aparelho especular do pensamento. O cérebro com a sua substância falecida não tem nenhum efeito orgânico próprio, trata-se de um aparelho essencialmente refletor. Por isso nós podemos vivenciar liberdade no pensar. Na observação do próprio processo de pensamento nós nos encontramos em um processo completamente legível, no qual forças inconscientes ligadas à natureza não influem. Esse processo não é apenas completamente compreensível, ele também tem algo de puro, abnegado. Essas qualidades são suscitadas diretamente pela palavra “espelho”.
A palavra “espelho” pode, no entanto, suscitar em nós ainda outra sensação. Na “Ciência Oculta”, Rudolf Steiner caracteriza, no capítulo “O desenvolvimento do mundo e o ser humano”, na observação do estado lunar, em três breves frases a essência do desenvolvimento:
“Nisso nomeadamente reside todo desenvolvimento, que, primeiro, essência autônoma se desagrega a partir da vida do ambiente; então o ambiente se impregna no ser desagregado como que por meio de espelhamento e então esse ser desagregado se desenvolve em diante de forma autônoma.” [8]
Na frase do meio está a palavra “espelhamento”, em posição central. O processo de espelhamento aparentemente é de importância substancial para qualquer desenvolvimento. O verso “Curativo só é…” nos mostra que o desenvolvimento de um novo organismo social igualmente segue essa lei.
Além disso, existe ainda uma terceira possibilidade para observar-se esse fenômeno especular, que é que tenhamos presente que no processo ótico de espelhamento as imagens se “cruzam”. Se eu levantar o meu braço direito diante do espelho, a minha imagem espelhada levanta o braço esquerdo. O braço direito da imagem espelhada aparece invertido diante do meu próprio braço direito, de maneira cruzada. Isso nós poderíamos agora relacionar com o seguinte:
Rudolf Steiner agregou as três qualidades rosacrucianas sal, mercúrio e enxofre[9] aos três sistemas de órgãos do ser humano[10]. No sistema nervo-sensorial estão ativas as forças plasmadoras do sal, no sistema metabólico-motor as forças calóricas do enxofre e no sistema respiratório-circulatório as forças harmonizadoras e compensadoras do mercúrio.
Rudolf Steiner fez o seguinte desenho na ocasião de uma conversa com Roman Boos:
organismo humano organismo social
cabeça — sal enxofre — vida espiritual
tórax — mercúrio mercúrio — vida jurídica
membros — enxofre sal — vida econômica
O organismo social aparece espelhado em comparação ao organismo social. Nessa disposição as qualidades de sal e enxofre estão em posições cruzadas.
Uma observação que olha para o ser humano individual poderia dizer: o resultado da vida espiritual é importante para o homem-cabeça, os produtos da vida econômica podem nutrir o ser homem inferior. Por isso os dois esquemas estão confrontados desse modo. Assim que nós, no entanto, assumirmos um modo de observação social e perguntarmos qual significado funcional tem, por exemplo, a vida espiritual como sistema orgânico para o organismo social total, a coisa vira de cabeça para baixo, ela é espelhada. O organismo social é “nutrido” pelos talentos e as capacidades das pessoas. O que estas trazem para dentro em forma de iniciativas, juízos de valores, de pensamentos é força para o organismo social, cria movimento, muitas vezes também caos, porque o sistema se defende.
É como um absorver de alimentação física: ela é vivenciada pelo corpo como sendo algo inimigo, atacada, desintegrada, digerida. A partir dos efeitos das forças desse processo, a partir do pólo superior, do pólo nervo-sensorial, é formada substância nova e o corpo é mantido, ou antes, edificado.
Todos os impulsos inovadores e criativos que são trazidos por pessoas para dentro de grupos, organizações e para a sociedade também têm esse destino. Eles, de início, são recusados, até que tenham ocorrido conflitos. Uma sociedade com pessoas apenas “adaptadas”, que não trazem impulsos criativos e próprios não tem nada para digerir e perece. Desse modo pode surgir compreensão para o fato de a vida espiritual no organismo social ter caráter de enxofre.
Qual é o caso da vida econômica? Na vida econômica trata-se de uma percepção bem precisa das necessidades e das possibilidades de satisfação por um lado, e a concentração dessas percepções em planos de produção concatenados e sintonizados, por outro lado. Isso é parecido com o que realiza o pólo superior, o pólo nervo-sensorial: os sentidos coletam as suas impressões através dos mais diversos portais. O pensar procura pensamentos que doem coesão.
Existe ainda outra maneira de tornarmos presente de que modo o pólo superior tem caráter de sal. Capacidades sempre têm algo de indefinido, talentos em si são forças. Eles ainda deixam em aberto, onde poderão ser aplicadas. Uma mulher tem o impulso e a capacidade de cuidar de pessoas doentes. Essa força ainda indefinida obtém a sua forma mais definida pelo pólo oposto das necessidades que anseiam por ela. Em Heidelberg, no hospital municipal, na terceira estação precisa-se de uma enfermeira, porque pessoas necessitam que ela as ajude. Ou: um jovem rapaz adquiriu a capacidade de compreender processos mecânicos e também a lidar com eles de maneira prática. Também através dele agem forças que ainda podem ser plasmadas nas mais diversas direções. Isso ocorre, por exemplo, quando nós finalmente vemos esse homem em Hamburgo no bairro X, trabalhando na oficina mecânica Y, porque aí motoristas precisam de uma oficina de modo bem concreto. Assim também podemos obter uma relação para o fato de na vida econômica — sendo ela um órgão do organismo social trimembrado — agirem as forças do sal.
Se nós agora voltarmos em pensamento para a nossa observação sobre a pureza e abnegação do processo especular, poderemos concretizar isso um pouco no sentido da trimembração social: a vida espiritual exige um sacrificar altruísta de capacidades, a vida econômica exige um perceber altruísta das necessidades, e na vida jurídica somente com um sentir puro pode ser vivenciado se as relações mútuas são de fato justas.
Essa última observação sobre o fenômeno do espelho no âmbito social não quer excluir que a frase “No espelho da alma do ser humano…“ também possa ser compreendida de forma completamente diferente. Ela então teria o significado de que uma comunidade curativa se forma apenas quando o ser humano ampliar a sua alma para que ela envolva toda a comunidade; quando tudo que ocorre na comunidade se espelhar, isso quer dizer, for reconhecido na própria alma; quando nada for instalado “do lado de fora” que não tenha uma relação real com o ser humano (com a alma do ser humano).
Uma singularidade pode sobressair na comparação das duas partes do verso. Na primeira parte está escrito: “toda a comunidade”. Na segunda parte vemos: “na comunidade”. Na primeira parte trata-se das disposições amplas que devem formar o organismo-humanidade. Na segunda parte trata-se dos efeitos concretos de forças que emanam de todo ser humano, justamente também no menor âmbito social: no diálogo e no encontro.
Voltemos agora à segunda parte. A palavra-chave que deve nos ocupar imediatamente são as palavras “alma individual”. O que será que isso quer dizer e onde nós devemos procurar a “força da alma individual”?
Uma primeira resposta se dá quando, na palavra, vivenciamos algo da qualidade da “alma isolada”. Enquanto as pessoas se emancipam e individualizam sempre mais, todas as relações com a natureza, para o próximo e para o seu mundo espiritual são interrompidas. As pessoas são sempre mais lançadas sobre si mesmas. Solidão e alienação são a expressão disso. Isso pode provocar a força positiva (a força da alma individual) de atar novos relacionamentos, tomar novas iniciativas etc. Nós sabemos, no entanto, que esse “isolamento” anímico, essa alienação também facilmente pode levar à agressividade, ao seguimento de coletividades que anulam o Eu e à fuga para as drogas.
Para uma segunda resposta — talvez mais satisfatória — acima já está indicada a direção. Em palestras para membros durante a época de trimembração[11], Rudolf Steiner narra como durante toda a primeira metade do desenvolvimento terrestre os espíritos da forma são os seres hierárquicos dirigentes. São eles que trabalham no corpo físico humano, para que essa conformação seja a expressão de um espírito humano livre nela residente. Até pelas culturas pós-atlânticas esse trabalho na conformação física do ser humano continua. As formas sociais, em que a cultura humana ocorre são uma conseqüência imediata dessa atividade criadora. Elas têm origem na atividade desses seres, os Exusiai, do mesmo modo como as formas do corpo humano.
Rudolf Steiner descreve como esse trabalho chegou a uma conclusão e com isso a posição dirigente dos Exusiai está encerrada.[12] O corpo do ser humano está formado. A direção do desenvolvimento terrestre passou, na nossa época, para os espíritos da personalidade. O que restou de formas sociais do passado, da época de direção dos Exusiai rapidamente perde a força sustentadora. Estruturas tradicionais da sociedade se desfazem, e onde elas ainda existem, agem de forma sempre mais negativa. Na nossa época, novas formas sociais e novas estruturas da sociedade devem mais e mais surgir a partir das forças da personalidade, isso quer dizer a partir de iniciativa própria e através de padrões inspirados. Com forças desse tipo os Archai conseguem trabalhar positivamente. Também nesse sentido as palavras “força da alma individual” seriam de fácil compreensão.
Existe ainda uma terceira possibilidade de aproximarmo-nos do seu significado. A questão social em sua essência é uma questão espiritual. Ela só pode ser resolvida se pessoas, a partir de uma nova consciência espiritual, obtiverem pensamentos e impulsos. O reconhecimento dos mundos superiores é possível desde que a era da luz se iniciou, desde que a humanidade atravessou o limiar.
Agora, a passagem do limiar é, por exemplo, descrita de tal forma no livro “O conhecimento dos mundos superiores” [13] que pensar sentir e querer se separam. Existe ainda outro ponto de vista. Este Rudolf Steiner apresentou nas palestras de Helsingfor[14]. Ele traz os três grandes heróis da Kalewala, Väinämöinen, Lemminkäinen e Ilmarinen, relacionados com a alma da sensação, a alma da índole e a alma da consciência, do ser humano. Ele descreve como com o transcender do limiar esses três membros anímicos se tornam independentes a partir de uma alma unitária. Elas se apresentam como três almas individuais. Na nossa era da alma da consciência cada ser humano tem essas três almas dentro de si. Através da passagem inconsciente do limiar — e com mais intensidade se ele trilhar um caminho de aprendizado — essas almas individualizam-se e se tornam almas individuais.
A próxima questão é, quais são agora as forças específicas dessas três almas individuais.
Em palestras de 1912 Rudolf Steiner dá pontos de vista para responder a essa pergunta[15]. Ele descreve como a alma com o processo de encarnação progredido estava em perigo de se trancar sempre mais na sua própria egoidade.
Com o início do desenvolvimento da alma da índole aparecem três forças anímicas que só então podem vir à sua atuação plena quando a alma já alcançou certo isolamento. Por outro lado então também se formam as pontes sobre as quais a alma, crescendo além de si mesma, pode novamente se unir com o mundo.
A primeira força anímica Rudolf Steiner descreve como a virtude da alma da sensação: ela dá a possibilidade da admiração. O ser humano só pode admirar-se do mundo dos sentidos porque imagens oriundas do pré-natal se movem no corpo astral. As impressões sensoriais exteriores por assim dizer não coincidem com o que surge a partir da sabedoria do corpo astral. Toda ciência começa com admiração, diz Platão. Todo cientista acredita em uma verdade ou sabedoria que ele possa desvendar nos fenômenos. Rudolf Steiner também chama o corpo astral de corpo da fé: o corpo astral quer se alimentar da sabedoria da antiga Lua, da qual se origina. O anseio por esse alimento se demonstra na sua fé. Quando o Eu forma para si no corpo astral a alma da sensação, aí ao mesmo tempo se forma a força com a qual essa alma pode crescer além de si mesma: a lembrança pré-natal desperta a força do interesse, e nas asas dessa força a alma pode construir a ponte da realidade sensórea para a realidade espiritual que dentro dela age.
A segunda força anímica Rudolf Steiner descreve como a virtude da alma da índole: ela fornece a possibilidade da compaixão, do con-viver, hoje chamado de empatia. Assim como Platão, no começo da quarta época cultural, indicou para o admirar, Buddha, na sua época falou sobre a compaixão, bem como os fundadores de religiões Lao Tse, Confúcio, Zoroastro e também Pitágoras. Quando o Eu submerge no corpo etérico, ele mergulha no reino das forças vitais, das forças da luz, das forças do amor. A partir do corpo etérico surgem forças que permitem aos seres humanos que amem. Quando o Eu desse corpo etérico forma para si uma alma da índole, ao mesmo tempo se forma a força com a qual essa alma consegue crescer além de si mesma. No encontrar imediato com uma outra pessoa ela então consegue co-vivenciar os sofrimentos e as alegrias dessa outra alma, ela consegue “sensorear” o espiritual do outro ser humano.
A terceira força anímica Rudolf Steiner descreve como a virtude da alma da consciência. Também essa força surge pela primeira vez no início da quarta época cultural. Tanto Ésquilo como Eurípides dramatizam ambos o destino de Oreste que mata a sua mãe Clitemnestra para vingar o seu pai Agamenon, matado por ela. Deixa que as Erínias ainda ajam de fora. Elas atormentam o ser humano como ser do destino, apresentando-lhe os seus próprios atos. Em Eurípides a transformação já se deu. Nos seus dramas surge a consciência como voz interior. Para isso ele até forma uma palavra —süneídèsis. No decorrer dos séculos essa consciência se internalizou sempre mais, até que ela, em nossa época, a época da alma da consciência, surge a partir das forças do corpo físico. Rudolf Steiner também chama o corpo físico de “corpo da esperança”. Esse corpo é a razão mais profunda da nossa confiança no futuro. No corpo físico está arraigado o nosso carma. Nós temos a esperança de que podemos realizar o nosso carma. O corpo físico tem o passado mais remoto até o antigo Saturno, mas as suas forças alcançam muito longe para dentro do futuro até o homem-espírito em Vulcão. Quando o Eu no corpo físico forma a alma da consciência, ao mesmo tempo forma-se a força com que essa alma pode crescer além de si mesma, e isso ocorre quando ela, no terreno, está ativa concretamente.
Se a consciência antigamente era uma voz que indicava para o passado, para leis morais que nós tínhamos infringido, assim no nosso tempo a consciência se torna sempre mais um órgão de visão com o qual nós vemos os próprios atos diante de nós como em uma imagem. O que nós normalmente percebemos apenas no pós-morte como realidade espiritual, já na terra é observado pela consciência. É um tipo de observação espiritual, mas sempre relacionado ao agir concreto. No futuro essa força se torna um órgão de visão para a atividade do corpo etérico.
Assim surge uma imagem ao que no verso se alude com “a força da alma individual”. Interesse, compaixão e consciência são as forças da alma da sensação, da alma da índole e da alma da consciência. Atos praticados a partir de interesse, atos de compaixão, atos de consciência são capazes de criar uma realidade social inteiramente nova, as forças contrárias de Árimã e Lúcifer sabem muito bem disso, porque podemos descrever a sua atuação como sendo exaustiva no âmbito social, sob esse ponto de vista.
Lúcifer toma a força do interesse e faz dela curiosidade, sensacionalismo. Aí o ser humano nem está de fato interessado nos fenômenos, senão nas sensações e emoções imediatas que eles nele despertam.
Ele pode também fazer dessa força um interesse frio e comercial. O empresário em muitos casos nem está realmente interessado nas necessidades dos clientes. Ele precisa do cliente para a venda. O interesse é tão egoísta como na sensação. Árimã mata a força do interesse através do medo — nesse caso nem observamos mais os fenômenos — ou através da formulação precipitada de conceitos abstratos. O fenômeno tem agora um nome, já não é mais preciso observá-lo.
Também para a força da compaixão, do con-viver ou do reconhecimento as forças contrárias se interessam. Lúcifer faz disso uma imagem distorcida, fazendo com que a pessoa só reconheça aquelas pessoas como iguais que são do mesmo tipo: —Eu te reconheço porque você também é brasileiro, muçulmano, berlinense, um médico, um fã do clube de futebol X. É um reconhecimento com base em uma participação de um grupo e não com base na percepção da sua individualidade.
O mesmo reconhecimento com base no grupo pode se mostrar na forma de um reconhecimento com base em uma utilidade. Somo reconhecidos como faxineira, como vizinho, como fornecedor, como colega científica, enquanto somos um meio útil para os fins do outro.
Árimã mata as forças de compaixão ou com presentes de dinheiro — Eu dei dinheiro, porque eu devo me preocupar além disso? — ou com fornecimento de tanta informação que provoque compaixão, que nós nos trancamos em nós mesmos. Também em pessoas que convivem com a miséria em seu âmbito de trabalho podemos perceber que elas se isolam em um profissionalismo frio e distanciado como medida de auto-proteção.
E por fim a força da consciência, da responsabilidade: Lúcifer faz dela ocasião de um grupo de liderança elitista que tem a opinião de que todos os cidadãos, os empregados, os pacientes não são capazes de carregar a responsabilidade por não possuírem a visão panorâmica do todo nem o conhecimento técnico necessário. Responsabilidade é coisa de peritos, tecnocratas, empresários de ponta, dos políticos no poder.
Árimã tenta separar completamente a responsabilidade das pessoas. Ele diz: —O mundo é muito complexo e muito interligado. E com isso ninguém mais é realmente responsável. Tentem construir sistemas inteligentes e deixem a responsabilidade com o sistema. Esta breve descrição da estratégia das forças contrárias demonstra que as forças da admiração, da compaixão e da consciência — do interesse, do reconhecimento e da responsabilidade (também podem ser chamadas de fé, amor e esperança) — de fato são três enormes forças construtivas. A partir dessas forças, pela influência do pólo superior, poderia surgir uma vida espiritual livre, uma vida jurídica democrática e uma vida econômica fraterna.[16] Na Parte 2 esse ponto de vista será estendido mais.
Nós encontramos para a primeira parte do verso uma relação com o verso da pedra fundamental. Nós falamos, como a alma humana vive nos três sistemas de órgãos e como dentro dela agem os pensamentos primordiais que proporcionam ao organismo social a sua forma curativa.
Também para a segunda parte do verso pode-se pensar uma relação igual. O que o ser humano deve fazer para despertar as forças dormentes nas suas três almas individuais, a dizer interesse, compaixão e consciência. A mim parece ser a resposta: o exercitar de lembrar no espírito, refletir no espírito e ver no espírito. Pelo lembrar no espírito nos ligamos com o pré-natal, a fonte de toda admiração e de todo o interesse. Pelo refletir no espírito despertamos as forças pelas quais vivenciamos a realidade espiritual da outra pessoa no encontro. No ver no espírito despertamos as forças que podem ver as consequências da nossa ação já no presente.
Curativo só é, se
No espelho da alma do ser humano
Se formar toda a comunidade;
E na comunidade
Viver a força da alma individual.
Parte II
As observações na Parte 1 precedente podem ser aprofundadas incluindo-se a atuação das hierarquias, especialmente da segunda hierarquia.
Por meio das suas investigações da ciência espiritual Rudolf Steiner povoou novamente o mundo espiritual para a consciência moderna. A multiplicidade dos fenômenos sensitivos nos reinos da natureza espelha-se na multiplicidade igualmente grande de entidades no mundo espiritual. A doutrina das hierarquias de Rudolf Steiner dá à consciência moderna a possibilidade de formar para si imagens dessas entidades, de relacionar-se com elas, de viver com elas.
A Ciência Oculta[17] é o grande acorde de abertura dessa nova música das hierarquias. Em grandes esquemas toda a evolução é descrita como efeito de seres hierárquicos. Por toda a obra conseguinte de Rudolf Steiner essa música permanece sempre audível: de modo sempre mais concreto e com mais detalhes ele descreve a ação de seres hierárquicos na natureza, no ser humano individual, na vida social, na História, na vida entre a morte e o novo nascimento e muito mais. No “Verso da pedra fundamental[18] do congresso de Natal 1923/24 essas melodias soam juntas novamente para um poderoso acorde conseguinte: todas as nove hierarquias são evocadas em três vezes três corais na perspectiva da triplicidade. E depois do congresso de Natal Rudolf Steiner volta a aumentar a música das hierarquias: nas cartas e nas máximas para os membros, nas palestras sobre o carma e nas aulas de classe.
A seguir deve ser descrito um pouco o que eu vivencio como a atuação da segunda hierarquia na vida social. A segunda hierarquia —Kyriotetes, Dynameis, Exusiai — são os espíritos da luz, os espíritos solares, os espíritos que estão mais próximos do Cristo e que querem servi-lo. É justa a pergunta sobre quais são as suas tarefas com vista à salvação da alma e com vista à cura da vida social. Aqui eu quero mencionar a máxima 67.[19] É a máxima do meio de um grupo de máximas (66-68), ela diz:
67. As entidades da segunda hierarquia se revelam em um anímico extra-humano que como acontecimento está oculto ao sentir humano. Esse cósmico-anímico atua nos panos de fundo do sentir humano. Ele forma o essencial-humano para organismo do sentimento, antes mesmo que nesse mesmo possa viver o sentir.
Dentro dessa máxima é principalmente um trecho a que devemos dar atenção: “O cósmico-anímico forma o essencial-humano para organismo do sentimento”. Devemos tentar decifrar um pouco essas palavras crípticas.
Como já foi mencionado no primeiro ensaio, a ciência espiritual diferencia na alma humana a alma da sensação, a alma da índole e a alma da consciência. Se eu não dividir a alma em pensar, sentir e querer, como normalmente se faz, senão de modo como acabou de ser indicado, eu entro em um modo de observação completamente diferente. A alma da sensação indica para o começo de um grande processo de transformação do corpo astral para personalidade espiritual, e do mesmo modo os outros membros anímicos indicam para processos de transformação do corpo etérico e do corpo físico. Uma observação da alma assim, onde em si se fala sobre a transformação das camadas é em seu ser uma observação alquimista rosacruciana.
Essa trimembração da alma foi observada pelo pesquisador do espírito no mundo espiritual justamente como realidade. Quando o pesquisador do espírito direciona o seu olhar para essa realidade, ele vê três vertentes, às quais no mundo espiritual correspondem às três entidades que são as inspiradoras diretas da alma da sensação, da alma da índole e da alma da consciência.[20]
Uma consciência clarividente de fato já diminuída pôde, no extremo norte escandinavo, expressar em imagens essas vertentes e “condensou-as” na Kalewala. Väinämöinen como imagem para a alma da sensação, Ilmarinen como imagem para a alma da índole, Lemminkäinen como imagem para a alma da consciência.
Quando agora a ciência espiritual fala das três entidades que são as inspiradoras imediatas dos três membros anímicos do homem que foram mencionados — onde encontrá-las? Nós podemos imaginar que são as entidades da segunda hierarquia, — que os Kyriotetes são os inspiradores imediatos da alma da sensação, também chamada de alma da intuição, —que os Dynameis são os inspiradores imediatos da alma da índole, também chamada de alma da inspiração, — que os Exusiai são os inspiradores imediatos da alma da consciência, também chamada de alma da imaginação? Podemos nós imaginar que o ser crístico dividiu a alma em três membros para mais tarde nela poder viver e que os seus três seres hierárquicos auxiliares o ajudaram nisso?
Pelo fato de a alma já antes da sua descida ter obtido essa forma trimembrada , ela também pode dar essa marca trimembrada à corporalidade com a qual ela então se envolveu. Por isso, no verso da pedra fundamental ouvimos que a alma vive de maneira tripla: “nos membros”, “no batimento cardíaco-pulmonar” e “na cabeça em repouso”.
Se a segunda hierarquia é o cósmico-anímico que cria no pano de fundo do sentir humano, nos podemos entender que justamente na segunda parte do verso da pedra fundamental, vemos: “… e você sentirá verdadeiramente.” Esse sentir verdadeiro deve agora — segundo a máxima citada — vir à sua expressão em um organismo do sentir. Onde é que nós podemos no tornar-se humano descobrir o fenômeno de um organismo do sentir desse tipo?
A evolução se dá de uma maneira que o Eu humano — um presente dos espíritos da forma, dos Exusiai, mergulha passo a passo nas camadas para isso preparadas. Mergulhando no corpo astral, a consciência do Eu se ilumina na alma da sensação, mergulhando no corpo etérico, a consciência do Eu se ilumina na alma da índole, mergulhando no corpo físico a consciência do Eu se ilumina na alma da consciência. Nesse caminho já cedo existiu a ameaça — na passagem da época egípcia para a época grega — que a alma, por forças da forma do Eu que mergulhava para dentro, pudesse ficar apertada, pudesse se enrijecer em egoidade. Agora justamente nessa época em curtos intervalos são despertados na paisagem anímica tripla os germes que, os três, portam em si a possibilidade de elevar a alma sobre si mesma, de possibilitar a ela a ultrapassar a egoidade apertada e assim criar a possibilidade de fazer surgir uma realidade social completamente nova.
Dos três tesouros dourados da alma
No ensaio precedente foram citados os três “tesouros dourados” da alma: admiração e interesse como virtude da alma da sensação; compaixão, con-viver e reconhecimento como virtude da alma da índole; consciência e responsabilidade como virtude da alma da consciência.
Com essas três qualidades anímicas a substância essencial do sentimento da alma da sensação, da alma da índole e da alma da consciência está indicada. Os três sentimentos da admiração, da compaixão e da consciência se apóiam e se condicionam mutuamente. Eles formam juntos um organismo do sentimento (máxima 67). O ser crístico a descer do Sol inflama na alma tripla três luzes de sentimento para salvar a alma da sua própria egoidade. E nós podemos imaginar que são três categorias de seres ajudantes que o servem nisso.
Por trás da admiração podemos pressupor a atividade dos Kyriotetes. Toda sabedoria que deles emanou no início do estado do antigo Sol está oculto por trás do véu do mundo dos sentidos. A alma admiradora pressupõe essa sabedoria por detrás do mundo dos sentidos e se põe a caminho (por exemplo, como cientista) de descobri-la. Isso já começa com Adão que está cheio de admiração por tudo que encontra no paraíso e agora começa a expressar os nomes das coisas. Também um pedagogo trabalha a partir dessa postura fundamental. Ele se admira sobre o ser da criança que se coloca diante dele e entende como sendo a sua tarefa desvendar a sabedoria oculta — o enigma da criança, ou melhor: ajudar a criança a encontrar a chave para o seu próprio enigma.
Os Dynameis, espíritos do movimento querem nos ajudar a despertar as forças da compaixão na alma. Os seres humanos são muito diferentes. Para podermos movimentar-nos em conjunto, viver em conjunto e depois também sofrer em conjunto interiormente, nós precisamos conseguir uma grande flexibilidade interior e força de transformação interior. Nós precisamos ser capazes de nos libertar de todas as imaginações, sentimentos, juízos de valores fixos etc., para que a realidade da vida de uma outra pessoa possa penetrar em nós e para que nós possamos conviver com ela. Nós precisamos da força dos espíritos do movimento, da metamorfose, do desenvolvimento, para, por meio dessa flexibilidade interior podermos ativar as forças da compaixão.
Quando o Eu na fase da alma da consciência se torna consciente do seu próprio “self”[21], quando o agir com consciência for formado até para dentro do ato terreno, for cunhado com força do Eu, então existe a possibilidade e a necessidade de um despertar para as conseqüências dos próprios atos — as conseqüências para o meio-ambiente, para as pessoas, para o mundo espiritual. Sem a atividade dos Exusiai que juntamente emitem a sua força da forma para dentro dos nossos atos físicos acentuados pelo Eu, as forças da consciência, essa nova moralidade nunca irá florescer. — Assim nós podemos imaginar (para citar novamente a máxima 67), como o cósmico-anímico (as entidades da segunda hierarquia como ajudantes de Cristo), forma o essencial-humano (as três forças anímicas das almas da sensação, da índole e da consciência para o organismo do sentimento (combinação de admiração, compaixão e consciência)
Os três passos do agir social
O que acontece agora quando a alma de sentir triplo age como expressão desse organismo de sentimento? O agir social tem sempre três aspectos, sempre ocorre em três passos:
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Primeiro uma fonte de força, um impulso, um motivo precisa se tornar ativo. Das profundezas da alma uma força precisa se libertar, antes que o agir em si possa ocorrer.
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Colocado em movimento por meio dessa força, agora no tempo ocorre um processo, uma seqüência de ações.
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Como conseqüência desse processo finalmente se dá no espaço o resultado, uma meta atingida.
Motivo, processo, resultado são os três elementos fundamentais de todo agir social. Podemos relacionar esses três passos com as mais diversas atividades. Na pedagogia, por exemplo, podemos diferenciar entre motivo de aprendizado, processo de aprendizado e resultado de aprendizado; na ciência fala-se de motivo de pesquisa (por exemplo, a questão inicial), processo de pesquisa (o caminho, a metodologia) e resultado da pesquisa; o consumidor pode perguntar: qual é o meu motivo de compra, como é o meu comportamento de compra, qual é o resultado da compra? Eu mesmo deixei-me acompanhar durante anos como colaborador do NPI (instituto holandês para desenvolvimento organizacional) nos meus projetos de consultoria, das perguntas: qual é o motivo de reorganização do cliente, como ocorre o processo de reorganização e quais resultados se tornam visíveis?
Certamente é supérfluo mencionar-se que esses três elementos não devem ser vistos como fases consecutivas, senão como sistema vivo. Os elementos se condicionam e se carregam mutuamente, estão em constante diálogo um com o outro e se comportam como pólos de uma polaridade.
Nessa trilha trimembrada novamente somos acompanhados pelas entidades da segunda hierarquia. No motivo nós procuramos uma fonte de força. Nós procuramos tanto luz como também força. Nós procuramos entusiasmo pelo agir. Nós procuramos por imagens-guia motivadoras. Há séculos os cristãos, quando no altar pediam por força para o seu agir, se direcionaram para o Leste. O verso da pedra fundamental diz: “Deixem iluminar o Leste!” Mas também lemos: “Ex oriente lux!”. Esboçado brevemente aqui encontramos as qualidades de luz e calor. Nós nos direcionamos para o lado onde nasce o Sol, na direção do pré-natal, o nosso local de origem. Ali os espíritos da sabedoria querem, como já então no antigo Sol, sacrificar a sua sabedoria, para que, a partir daí, nós possamos colher motivos para o nosso agir.
No processo tudo se torna movimento, encontro, transformação, alquimia social. Em todo lugar onde impulsos do espírito querem se realizar no âmbito social surge movimento, oposição, conflito. Processos desse tipo nunca são retilíneos como os tecnocratas imaginam e desejam. Eles requerem fantasia, adaptação, metamorfose, movimento. Aí os Dynameis querem nos ajudar. Eles sacrificam a sua qualidade de movimento como já então na antiga Lua.
Por fim, o processo leva a algum resultado. Ele quer encarnar-se, obter uma forma. Nisso nos ajudam os Exusiai, com a sua força formativa, como eles já o fizeram desde o início do desenvolvimento terrestre.
Nós nessa seqüência de três passos podemos pensar em uma variação do impulso da matéria (motivo), impulso lúdico (processo) e impulso da forma (resultado), de Schiller[22]. Também a intuição moral, a fantasia moral e a técnica moral podem ser pensadas sobre o pano de fundo de motivo, processo e resultado.
Assim como nós temos procurado a sabedoria a despertar vida no Leste, para as forças da forma precisamos nos direcionar para o Oeste.
No verso da pedra fundamental, lemos: “O que do Oeste se forma.” Em face ao “Ex oriente lux” podemos cunhar “ex occidente forma”. A palavra latina occidere significa morrer. As forças da morte do Oeste levaram o processo a um resultado.
Na igreja, para o “ora” (orar) estamos direcionados para Leste. Quem deixa a igreja para novamente entrar no mundo do “labora” (trabalhar), direciona-se para Oeste.
Nós podemos refletir sobre o que foi dito acima, de forma resumida, nas três fases semelhantes a versos da pedra fundamental:
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Deixem-nos encontrar no Leste, com a ajuda dos Kyriotetes, a iluminação para os motivos do nosso agir.
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Deixem-nos encontrar no centro, com a ajuda dos Dynameis, a força de transformação para os processos sociais.
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Deixem-nos encontrar no Oeste, com a ajuda dos Exusiai, a força da forma, para levar os processos ao resultado.
Agora o Sol se pôs no Oeste. Ele aparentemente passa por debaixo da Terra. É noite até o próximo nascer do Sol. Em pequena escala o que ocorre é uma vida pós-morte. Nesse intervalo nós temos a possibilidade de:
—observar os resultados do nosso agir, do mesmo modo como o fazemos após a morte no trabalho da vida;
—avaliar os processos que levam a essas ações e lembrar-nos deles assim como depois da morte no Kamaloka;
—processar, interiorizar os motivos dos quais tudo partiu de tal modo que daí surja a força e a direção para um novo impulso assim como depois da morte no mundo espiritual.
Se nós agora, de noite, a dizer na vida pós-morte observarmos, avaliarmos e processarmos dessa forma o resultado, o processo e o motivo, no dia seguinte eventualmente poderemos tomar o motivo novamente, formar melhor o processo, colocar o resultado no mundo de forma diferente. A morte no Oeste leva a uma ressurreição no Leste. Depois de todo o ciclo ter morrido no resultado, ele novamente encontra, no motivo, a nova vida. O todo está sob o signo no “In Christo morimur”.
Com esse caminho do Sol do Leste pelo centro para Oeste e depois o caminho de volta pela noite é o arquétipo do ritmo dos mundos. Esse ritmo dos mundos, nós o conhecemos em forma de muitas metamorfoses: como ritmo anual, como ritmo diário, como ritmo do destino, como ritmo do agir em iniciativas e projetos. São esses ritmos do mundo que agraciam a alma. Quando no verso da pedra fundamental é falado de “agraciador de almas” (plural), então primeiramente se pensa no fato de que os ritmos do mundo são agraciadores para todas as almas humanas. Pode-se, porém, também ler esse plural de modo que os ritmos do mundo são agraciadores para todas as três almas individuais, para a alma da sensação, para a alma da índole e para a alma da consciência!
O caminho de ida — de Leste, passando por motivo, processo e resultado — é o caminho diurno, onde no agir o carma se realiza. O caminho de volta — de Oeste para Leste, passando por observar, avaliar e processar — é o caminho noturno. Mas a partir da consciência aí pode brilhar o Sol. Nesse caminho ocorre o processo de aprendizado. Nesse caminho muitas vezes é possível muito mais liberdade do que no outro. Nós não apenas devemos guardar esse caminho para a vida pós-morte ou para a noite (apesar de as duas serem imprescindíveis para o processo de aprendizado), senão também dar forma a ele conscientemente de dia nos relacionamentos sociais!
Se nós procurarmos por um arquétipo para esses três passos passando do motivo pelo processo ao resultado, então nós o encontraremos no andar humano dividido em três partes. Qual antropósofo não praticou euritmia e vivenciou “no próprio corpo” o milagre do levantar, carregar, pisar? No levantar nós tomamos o impulso, o motivo, para o andar. O pé levanta. No carregar, o pé é carregado no tempo de trás para a frente, do passado para o futuro — realmente um processo. No pisar o pé é colocado em algum lugar no espaço. O resultado do passo foi atingido. E agora, a força que aí surgiu entra na Terra, atravessa a Terra e surge de baixo, por baixo do pé ainda firmado. No chão, para proporcionar o impulso para o próximo passo. Levantar, carregar, pisar e depois “através da Terra” para o próximo passo é como o Sol que do Leste pelo centro para o Oeste acompanha o motivo, o processo e o resultado e então, passando por baixo da Terra, coleta a força para o próximo esforço. No levantar social (motivo), no carregar social (processo) e no pisar social (resultado) o Cristo caminha conosco no destino.
As três dádivas, as três sementes douradas da admiração, da compaixão e da consciência, colocadas pelo ser crístico na alma tripla com a ajuda da segunda hierarquia, podem salvar a alma, pois elas a libertam da sua egoidade e a deixam despertar para o reinar da vontade de Cristo no entorno. As mesmas dádivas, no entanto, oferecem também o germe para uma vida social permeada de Cristo, sim até para um organismo social com que o Cristo pode se unir essencialmente. Para poder viver na Terra, para poder passar pela morte e ressurreição e para, por fim, se unir com a Terra toda, para isso o Cristo precisou de envoltórios de um único ser humano, a dizer de Jesus de Nazaré. Para se unir com o Eu da Humanidade, com a vida social de todos os seres humanos, ele necessita de envoltórios que lhe são oferecidos pelo conjunto desses seres humanos. Nós já descobrimos os embriões para esses envoltórios no organismo do sentimento. Rudolf Steiner expressou esse reconhecimento esotérico arrebatador em termos claros.[23]
Um envoltório astral é oferecido ao Cristo por meio de todos os atos que se originam em interesse altruísta, que provém da força da admiração. Atos dessa espécie criam uma vida espiritual livre na Terra. Essa vida espiritual é o pólo de força, o pólo de calor do organismo social.[24] No ensaio precedente nós falamos nesse contexto sobre a qualidade do enxofre. Tudo o que o ser humano leva consigo do pré-natal e desenvolve em forma de capacidades e iniciativa pode se tornar alimento para o organismo social, se essas capacidades se tornarem produtivas na vida social a partir da força da admiração. Esse órgão do organismo social está fundamentado nos mistérios da luz, da sabedoria.[25] O que Bernard Lievegoed descreve como sendo a fase pioneira, também tem essa qualidade.[26] Nessa fase tudo está fundamentado nas capacidades pessoais e na iniciativa pessoal. Todo o empreendimento ainda tem o caráter da vida espiritual.
Um envoltório etérico é oferecido ao Cristo por todos os atos que se originam na compaixão, con-vivência e reconhecimento. Atos desse tipo criam na Terra uma vida jurídica digna do ser humano e democrática. É o âmbito conciliador e curador do organismo social. No ensaio precedente nós falamos a respeito disso sobre a qualidade de Mercúrio. Tudo o que as pessoas a partir dessas forças da compaixão conseguem estabelecer em forma de processos sociais metamorfoseadores é cura para o organismo social. A vida jurídica como órgão do organismo social está fundamentado nos mistérios do ser humano ou do espaço. O que Bernard Lievegoed chama de segunda fase no desenvolvimento de organizações é o despertar da organização para a dinâmica dos processos sociais e dos relacionamentos humanos e tem a mesma qualidade como a aqui citada vida jurídica.
E por fim ao Cristo é oferecido um envoltório físico por todos os atos que partem de forças da consciência, de responsabilidade moral. Atos desse tipo criam uma vida econômica fraterna e associativa na Terra. Essa vida econômica constitui o pólo formativo do organismo social. Na primeira parte nós mencionamos, nesse contexto, a qualidade do sal. Porque são as necessidades das pessoas que fazem com que as capacidades de outras pessoas se “densifiquem” para a forma de serviços e produtos concretos. Dessas questões emanam poderosas forças formativas. Elas levam as capacidades, que em si são apenas potências sem rumo, para a forma de resultados de trabalho palpáveis. A vida econômica como órgão do organismo social está fundamentada nos mistérios da Terra. Onde nós na vida econômica usamos a Terra como matéria prima e por meio da divisão do trabalho criamos dependências mundiais mútuas, aí são necessárias as maiores forças de responsabilidade moral, aí é preciso que se ouça a voz da consciência. O que Bernard Lievegoed menciona como a assim chamada terceira fase — ou fase de integração — significa o despertar do empreendimento para as conseqüências dos atos do mundo. Aí pela primeira vez surge a consciência para a verdadeira dimensão econômica do empreendimento.
Assim cria-se a imagem toda, onde a partir do organismo do sentimento que o Cristo inspirou na alma tripla (os Kyriotetes o sentimento da admiração na alma da sensação, os Dynameis o sentimento de compaixão na alma da índole, os Exusiai o sentimento da consciência na alma da consciência), os mesmos espíritos da segunda hierarquia possibilitam um organismo social que agora por sua vez novamente forma um envoltório para o Cristo como espírito da Humanidade: os Kyriotetes a partir do sentimento da admiração formam um envoltório astral para a alma da intuição na vida espiritual livre; os Dynameis a partir do sentimento da compaixão da alma da inspiração formam um envoltório etérico na vida jurídica democrática; os Exusiai a partir do sentimento da consciência da alma da imaginação formam um envoltório físico na vida econômica associativa.
A seguir seja demonstrado — para finalizar — como o Cristo e com ele também as entidades da segunda hierarquia estão ligados aos três sentimentos mencionados. Em 14 de maio de 1912, Rudolf Steiner profere uma palestra em Berlim, onde pela primeira vez fala sobre o fato de ter chegado a hora — e também será possível — de chegar-se a uma representação de Cristo.[27] É esta a primeira palestra que a escultora Edith Maryon ouviu de Rudolf Steiner. Nós já a mencionamos no começo do primeiro ensaio, porque Rudolf Steiner escreveu para ela o verso “Curativo só é…”. Ela, com efeito, tinha conhecido a Antroposofia, mas ainda não tinha encontrado o seu fundador. Na viagem para o Egito ela visitou — no início de maio de 1912 — a loja teosófica de Milano. Aí ela ouviu que Rudolf Steiner continuaria o seu ciclo de palestras “O homem terreno e o homem cósmico” em meados de maio. Ela desistiu da sua viagem para o Egito e viajou diretamente para Berlim. Sem entender uma palavra de alemão, ela ouviu Rudolf Steiner. Se ele foi capaz de dizer as palavras que são citadas porque ela estava na platéia ou se ela precisou viajar para Berlim para ouvir as palavras que aí foram ditas, isso é deixado em suspenso. Fato é que ela, que deveria trabalhar com Rudolf Steiner durante os nove anos seguintes na estátua[28], estava sentada na platéia e ouviu as seguintes palavras:
“Para a representação de Cristo assim nas tentativas habituais não encontramos nem os princípios. Pois que aquilo deveria pôr-se em evidência que representa a exterioridade nascente do articular em redor dos impulsos da admiração, da compaixão e da consciência. O que nisso se expressa deve expressar-se de tal modo que o semblante de Cristo fique tão vivo que aquilo que torna o ser humano ser humano terreno, o sensível-volitivo seja sobrepujado por aquilo que espiritualiza o semblante. Deve existir força máxima no semblante pelo fato de que tudo que deve ser pensado como desdobramento máximo da consciência se demonstre no queixo e na boca propriamente formados, quando ele estiver à nossa frente, quando o pintor ou o escultor for formá-lo, uma boca na qual podemos sentir que ela não está aí para comer, senão para expressar o que alguma vez foi cultivado em moralidade e consciência na Humanidade, e para que junto a isso todo o sistema ósseo, o seu sistema dental e maxilar são formados como boca. Isso virá à expressão em um semblante destes. Com essa forma interior do rosto estará ligada uma tal força que irradia, despedaça e desfolha todo o corpo humano restante, para que este passe a ter outro formato, pelo que outras forças determinadas são superadas, para que assim se torne impossível de dar ao Cristo que mostra uma boca destas qualquer forma corporal como o homem atual a tem. Em compensação se lhe dará olhos dos quais falará todo o ímpeto da compaixão com que olhos podem observar seres — não para receber impressões, senão para com a alma toda passar para as suas alegrias e sofrimentos. E ele terá uma testa onde não se pode presumir que as impressões sensóreas da Terra sejam pensadas, mas sim uma testa que sobressairá um pouco na frente sobre os olhos , se abobodará suavemente para trás por sobre a cabeça, com isso expressando o que se pode chamar de espanto sobre os mistérios do mundo. Essa será uma cabeça que o ser humano não encontra na Humanidade física.”
São essas as forças, irradiando do Cristo por meio dos seus espíritos auxiliares da segunda hierarquia, que querem salvar almas e a vida social.
[1] Uma versão anterior da Parte I apareceu no Osterheft (Caderno de Páscoa) de 1983, uma versão anterior da Parte II no Johanniheft (Caderno de S. João) de 1994, das “Mitteilungen aus der anthroposophischen Arbeit in Deutschland” (Notícias do trabalho antroposófico na Alemanha), Stuttgart.
[2] Agora contido nos Aufsätze über die Dreigliederung des sozialen Organismus und zur Zeitlage 1915-1921 (Ensaios sobre a trimembração do organismo social e da situação do período de 1915-1921), GA 24, Dornach 1982.
[3] Compare Die soziale Grundforderung unserer Zeit. In geänderter Zeitlage. (A exigência social básica da nossa época. Em situação temporal modificada.), GA 186, Dornach 1990, sobre o ocultismo higiênico na palestra de 1º de dezembro de 1918.
[4] “A prosperidade de uma coletividade de pessoas que trabalham juntas será tanto maior quanto menos o indivíduo reivindicar o produto do seu trabalho para si, quer dizer, quanto mais ele compartilhar esses produtos com os seus co-laboradores e quanto mais as suas próprias necessidades forem contentadas não pelo seu trabalho, senão pelo trabalho dos outros.” In Geisteswissenschaft und soziale Frage (Ciência espiritual e questão social), contido em Luzifer-Gnosis, Grundlegende Aufsätze zur Anthroposophie und Berichte aus den Zeitschriften „Luzifer“ und „Luzifer-Gnosis“ (Ensaios fundamentais sobre a Antroposofia e relatos das revistas „Luzifer“ e „Luzifer-Gnosis“) 1903-1908, GA 34, Dornach 1987.
[5] STEINER, Rudolf. Das Miterleben des Jahreslaufes in vier kosmischen Imaginationen (O co-vivenciar do ciclo do ano em quatro imaginações), GA 229, Dornach 1989, especialmente a palestra de 13 de outubro de 1923.
[6] Ver STEINER, Rudolf. Die Weihnachtstagung zur Begründung de Allgemeinen Anthroposophischen Gesellschaft 1923/24 (O Congresso de Natal para a fundação da Sociedade Antroposófica Geral 1923/24), GA 260, Dornach 1985.
[7] STEINER, Rudolf. Die Kernpunkte der sozialen Frage (Pontos essenciais da questão social), GA 23, Dornach 1976.
[8] STEINER, Rudolf. Die Geheimwissenschaft im Umriss, GA 13, Dornach 1988, p.191.
(STEINER, Rudolf. A Ciência oculta. 6.ed. São Paulo: Antroposófica, 2006.)
[9] No texto em alemão: Sal, Merkur, Sulphur. N. T.
[10] STEINER, Rudolf, Bausteine zu einer Erkenntnis des Mysteriums von Golgatha (Elementos construtivos para o conhecimento do Mistério do Gólgota), GA 175, Dornach 1982, palestra de 20 de março de 1917.
[11] STEINER, Rudolf. Der innere Aspekt des sozialen Rätsels. (O aspecto interno do enigma social), GA 193, Dornach 1989. Palestra de 1º de janeiro de 1919.
[12] STEINER, Rudolf. Wie kann die Menschheit den Christus wiederfinden? (Como pode a Humanidade reencontrar o Cristo?), GA 187, Dornach, 1979, palestras de 28 de dezembro de 1918, de 31 de dezembro de 1918, de 1º de janeiro de 1919.
[13] STEINER, Rudolf. Wie erlangt man Erkenntnisse der höheren Welten?, GA 10, Dornach 1993.
(STEINER, Rudolf. O conhecimento dos mundos superiores. 6. ed. São Paulo: Antroposófica, 2004.)
[14] STEINER, Rudolf. Der Zusammenhang des Menschen mit der elementarischen Welt. Kalewala — Olaf Asteson — Das russische Volkstum. (A ligação do ser humano com o mundo elementar. Kalewala — Olaf Asteson — A índole nacional russa.), GA 158, palestra de 9 de novembro de 1914.
[15] Sobre o tema interesse, compaixão, consciência em: STEINER, Rudolf. Christus und die menschliche Seele (Cristo e a alma humana), GA 155, Dornach 1994, palestra de 30 de maio de 1912; Der irdische und der kosmische Mensch (O ser humano terreno e o ser humano cósmico), GA 133, Dornach 1989, palestra de 14 de maio de 1912; Erfahrungen des Übersinnlichen (Experiências do supra-sensóreo), GA 143, Dornach 1983, palestra de 8 de maio de 1912.
[16] Sobre o tema fé, esperança, amor em: STEINER, Rudolf. Die Mission der neuen Geistesoffenbarung (A missão da nova revelação do espírito), GA 127, Dornach 1989, palestra de 14 de junho de 1911; Das esoterische Christentum und die geistige Führung der Menschheit (O cristianismo esotérico e a liderança espiritual da humanidade), GA 130, Dornach 1987, palestras de 2 e 3 de dezembro de 1911.
[17] STEINER, Rudolf. Die Geheimwissenschaft im Umriss, GA 13, Dornach 1989.
(STEINER, Rudolf. A Ciência Oculta, GA 13. 6. ed. São Paulo: Antroposófica, 2006.)
[18] O verso da pedra fundamental se encontra em : STEINER, Rudolf. Die Weihnachtstagung zur Begründung de Allgemeinen Anthroposophischen Gesellschaft 1923/24 (O Congresso de Natal para a fundação da Sociedade Antroposófica Geral 1923/24), GA 260, Dornach 1985.
[19] STEINER, Rudolf. Anthroposophische Leitsätze (Máximas antroposóficas), GA 26, Dornach 1989.
[20] STEINER, Rudolf. Der irdische und der kosmische Mensch. (O ser humano terreno e o ser humano cósmico), GA 133, Dornach 1989, palestra de 23 de abril de 1912.
[21] Em alemão, “das Selbst”. N.T.
[22] Friedrich Schiller, escritor e poeta alemão, amigo de Johann Wolfgang von Goethe. N.T.
[23] Compare com as notas 15 e 16.
[24] STEINER, Rudolf. Die Kernpunkte der sozialen Frage (Pontos essenciais da questão social), GA 23, Dornach 1976, segundo capítulo.
[25] STEINER, Rudolf. Die Sendung Michaels. (O envio de Micael), GA 194, Dornach 1994, palestra de 15 de dezembro de 1919.
[26] LIEVEGOED, Bernard C. J. Organisation im Wandel. (Organização em transição), Berna/Stuttgart, 1974.
[27] STEINER, Rudolf. Der irdische und der kosmische Mensch. (O ser humano terreno e o ser humano cósmico), GA 133, Dornach 1989, palestra de 14 de maio de 1912.
[28] RAAB, Rex. Edith Maryon, Bildhauerin und Mitarbeiterin Rudolf Steiners. (Edith Maryon, escultora e co-laboradora de Rudolf Steiner), Dornach 1993.